Israel e Colômbia: dois pontos de uma mesma reta estadunidense
Concomitantemente, ratifica-se a análise de política externa estadunidense comparada entre esses países tão distantes, mas tão geoestrategicamente similares, principalmente no discurso ideológico e geopolítico:
1) Israel consiste no principal aliado da luta contra o terrorismo islâmico no Oriente Médio; na Colômbia, intensifica-se a luta de décadas contra o narcotráfico. Ambos possuem como ponto fundamental a guerra contra um inimigo da potência global.
2) Israel possui o controle estratégico sobre as Colinas de Golã e o rio Jordão; Colômbia é um ponto fundamental de acesso para o Aquífero Amazonas, a maior reserva de água do mundo. Ambos países são fundamentais para o abastecimento de água de suas regiões de um recurso natural que será um dos mais importantes no século XXI.
3) Israel é um ponto de conexão entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho, através do Golfo de Aqaba, cuja importância é histórica e presente; a Colômbia possui o ponto de conexão entre o Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico, único país sul-americano que possui duas frentes oceânicas. Consistem em dois pontos estratégicos a nível continental e intercontinental.
4) Israel é considerada por alguns estudiosos como a cabeça-de-ponte[6] estadunidense no Oriente Médio, Ásia e Europa; a Colômbia tem a mesma especificidade na América Central, América do Sul e Antártica.
5) Israel é um país entrave, que impede um projeto integracionista mais amplo no Oriente Médio vinculado ao islamismo (como nos movimentos Pan-Arábicos e no próprio nasserismo); a Colômbia é uma parte importante de um conjunto de países da América do Sul que impede a criação de um projeto de integração sul-americano mais autônomo e soberano (como a própria ampliação do Mercosul).
Como um tabuleiro de xadrez global, os Estados Unidos posiciona seus peões nacionais com a finalidade de realizar um xeque-mate global, no qual tanto Israel como Colômbia possuem um papel vital, sendo mais que meros peões, e sim rainhas em seus respectivos continentes. Entretanto, através da análise de longa duração do sistema interestatal, o projeto de poder global estadunidense, seja através de vínculos com outros países ou mera imposição de seus interesses nacionais e internacionais, é um concepção inviável, uma vez que nas relações internacionais sempre haverá a constante competição entre os Estados nacionais, que buscam ascender e melhorar sua posição internacional num ambiente hierárquico, expansivo, anárquico e conflitivo: é um jogo de xadrez sem fim.
[1] http://www.politico.com/magazine/story/2015/06/us-military-bases-around-the-world-119321
[2] http://militarybases.com/
[3] http://www.defense.gov/home/features/2009/0109_unifiedcommand
[4] https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/us.html
[5] https://www.sipri.org/
[6] É uma fotificação temporária feita em território inimigo, no lado oposto ao de um obstáculo rio,desfiladeiro,etc.) e usa- da como ponto de partida e apoio para o avanço das tropas.