O conceito de Guerra Híbrida e as ações políticas veladas
[…] as revoluções coloridas – largamente planeadas anteriormente e utilizando ferramentas de propaganda e estudos psicológicos combinados com o uso de redes sociais – consistem em desestabilizar governos por meio de manifestações de massas em nome de reivindicações abstratas como democracia, liberdade, etc.; elas são a fagulha que incendeia uma situação de conflito interno. A revolução colorida é o golpe brando. (KORYBKO, 2018, p. 8)
[…] ao se prepararem para uma Guerra Não Convencional em um Estado alvo, os EUA normalmente fazem um estudo de viabilidade para averiguar as chances de sucesso da operação. Eles podem fazer isso ou se encontrando com representantes contra o governo, que viajam aos EUA ou a um país terceiro, ou enviando diretamente um especialista militar a campo. Uma vez tomada a decisão de implantar uma Guerra Não Convencional, os EUA “prestam suporte através de um parceiro de coalizão ou de um país terceiro” quando “o apoio manifesto dos EUA ao movimento de resistência é […] indesejado” (a estratégia de Liderança velada). (KORYBKO, 2018, pp.82-83)
Uma sucessão de intervenções que transformou este tipo de guerra, na segunda década do século XXI, num fenômeno quase permanente, difuso, descontínuo, surpreendente e global. Trata-se de um tipo de guerra que não envolve necessariamente bombardeios, nem o uso explícito da força, porque seu objetivo principal é a destruição da vontade política do adversário através do colapso físico e moral do seu Estado, da sua sociedade e de qualquer grupo humano que se queira destruir. Um tipo de guerra no qual se usa a informação mais do que a força, o cerco e as sanções mais do que o ataque direto, a desmobilização mais do que as armas, a desmoralização mais do que a tortura. Por sua própria natureza e seus instrumentos de ‘combate’, trata-se de uma ‘guerra ilimitada’, no seu escopo, no seu tempo de preparação e na sua duração. Uma espécie de guerra infinitamente elástica que dura até o colapso total do inimigo, ou então se transforma numa beligerância contínua e paralisante das forças “adversárias”. (FIORI, 2018, pp.402-403)
Como citar:
RODRIGUES, Bernardo Salgado. O conceito de Guerra Híbrida e as ações políticas veladas. Diálogos Internacionais, vol. 6, n.65, out.2019. Acessado em [07/10/2019]. Disponível em: http://www.dialogosinternacionais.com.br/2019/10/o-conceito-de-guerra-hibrida-e-as-acoes.html